Em PE, superobeso melhora quadro mas ainda não pode ser operado

Em PE, superobeso melhora quadro mas ainda não pode ser operado


O paraibano Carlos Antônio Freitas, que tem 28 anos e chegou ao Recife pesando 420 kg, já está curado da infecção urinária, apresentou uma melhora nas feridas da pele e conseguiu reduzir em cinco centímetros o diâmetro do braço. As informações foram apresentadas, na manhã desta quarta-feira (12), pela equipe médica do Hospital das Clínicas (HC), da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que prepara o jovem para a cirurgia bariátrica.
Carlinhos, como é conhecido, chegou ao Recife no último 9 de julho e foi internado no HC para dar início ao tratamento de emagrecimento. Por causa do peso do paciente, a equipe não consegue medir a redução em uma balança. A avaliação é feita com medições de partes do corpo, como braços e punhos, além de um registro fotográfico. "Ele tem problemas cardiológicos e respiratórios, não consegue respirar", explicou o chefe da Cirurgia Geral do HC, Álvaro Ferraz, destacando que a situação é normal para quem é superobeso.
Desnutrido

Até agora, as principais mudanças na vida de Carlinhos são na alimentação. De acordo com a nutricionista Cristiane Marrocos, ele costumava ingerir cerca de 8 mil calorias diárias, com muitas gorduras e carboidratos. "Fizemos restrições calóricas e conseguimos oferecer 50% da dieta habitual. Ele tinha um quadro de desnutrição, apesar da obesidade, pela carência de nutrientes como a proteína. Por isso estamos fazendo uma dieta associada ao uso de suplementação", explicou. Hoje, Carlinhos ingere 4 mil calorias diárias - o dobro de uma dieta normal. Cristiane diz que, mesmo assim, o jovem ainda não saiu do quadro de desnutrição. "A ideia é reduzir mais a oferta calórica dele", explicou.

Detalhes sobre o quadro de Carlinhos foram divulgados (Foto: Penélope Araújo/ G1)
Detalhes sobre o quadro de Carlinhos foram divulgados pela equipe médica do HC (Foto: Penélope Araújo/ G1)
Carlinhos está sendo acompanhado por uma equipe multidisciplinar. "Além da nutricionista, temos enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeuta, psicólogo, psiquiatra, terapeuta ocupacional, além do acompanhamento da cirurgia plástica e geral, endócrino, dermatologia, assistente social, por exemplo", citou médica Ana Caetano, gerente de atenção à saúde do hospital.
Com a equipe médica, o jovem também está fazendo exercícios, com a fisioterapia e a terapia ocupacional. De acordo com Ana Caetano, foi desenvolvido um equipamento com alças para ajudar o jovem a se levantar e andar. "É um suporte fixado em torno da cama para ele fortalecer os músculos, mas a gente não sabe com que previsão isso pode acontecer [ele levantar]", comentou.
O desafio agora é secar as feridas na pele, que receberam curativos. Segundo Caetano, uma equipe com oito pessoas é mobilizada diariamente para conseguir dar banho em Carlinhos. A estimativa inicial era de que a cirurgia bariátrica fosse realizada entre 6 e 8 meses. Mas como apontou Álvaro Ferraz, não há como prever em quanto tempo o jovem deve ter condições médicas de ser submetido ao procedimento.
Comportamento

Nesta quarta-feira (12), os médicos também contaram um pouco sobre o comportamento de Carlinhos. De acordo com os profissionais, ele tem um déficit cognitivo e se comporta como uma criança. "É pela forma como ele foi criado. Ele foi acostumado com essa coisa de comer muito", explicou a média Ana Caetano.

Segundo ela, o jovem é agitado, mas bastante carismático com todos. "Ele te conhece, se lembra de você, cria laços", disse. "A psiquiatria tem visitado ele e receitado medicações, então ele está mais centrado, mais tranquilo. Ele joga videogame, damas, joga bola com a equipe de fisioterapia", contou ainda Caetano.
Entenda o caso

O paraibano Carlos Antônio Freitas tem 28 anos e pesava 420 quilos ao chegar ao Recife. Ele morava em Patos, no Sertão da Paraíba, e tem diversos problemas de saúde por causa do peso. De acordo com o médico Pedro Augusto Dias, que acompanha o caso há cinco anos, Carlinhos tem diabetes, pressão alta, problemas respiratórios, de pele e urinários. Também devido ao peso, o jovem não consegue se deitar ou andar e vivia há mais de dois anos sentado no chão da sala de casa.

Segundo a mãe de Carlinhos, Cacilda dos Santos, o jovem apresenta aumento no peso desde pequeno, mas a situação se tornou crítica a partir da adolescência. "Depois dos 15 anos que ele foi ganhando peso muito rápido", disse. Cacilda explicou ainda que o filho sofre também de problemas mentais e tem compulsão por comida. "Ele pede comida de instante em instante. Se eu fosse dar, ele não estava mais nem aqui", comentou.


G1 PE

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