Tecnologia social transforma água salobra em potável no semiárido

Tecnologia social transforma água salobra em potável no semiárido

Um dessalinizador solar com capacidade para produzir água potável, sem uso de eletricidade, de elementos filtrantes e livre de produtos químicos tem sido alternativa para as famílias do semiárido paraibano enfrentarem as longas estiagens. O acesso à água considerada de boa qualidade para beber e cozinhar só é possível graças à parceria da Cooperativa de Trabalho Múltiplo de Apoio às Organizações de Autopromoção (Coonap), de Campina Grande, com a Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), que está aproveitando o potencial de energia solar disponível na região para implementar unidades da tecnologia social “Dessalinizadores Solares” em assentamentos de agricultores familiares.
A metodologia é finalista no Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social, na Categoria Água e/ou Meio Ambiente. O Portal Correio estará cobrindo o evento que irá anunciar os vencedores com exclusividade a convite da Fundação Banco do Brasil
O modelo consiste em uma caixa construída com placas pré-moldadas de concreto, com cobertura de vidro, que possibilita a passagem da radiação solar. Com isso, aumenta-se a temperatura dentro do dessalinizador, fazendo com que ocorra a evaporação da água armazenada numa lona encerada (“lona de caminhão”).
Os processos de dessalinização e desinfecção da água ocorrem quando a alta temperatura no interior do dessalinizador provoca a evaporação da água, que entra em contato com a superfície (de vidro ou cano) resfriada e acaba por condensar, voltando ao estado líquido, mas agora sem os sais ou contaminantes antes existentes. Além de promover a retirada dos sais, o método também elimina os microrganismos patógenos, especialmente as bactérias que causam doenças, a exemplo da Escherichia Coli. Cada unidade do dessalinizador produz um volume de água potável de cerca de 16 litros/dia.
Francisco Loureiro, professor da UEPB e coordenador da tecnologia explica que a adesão ao programa tem sido grande, por se tratar de um método simples, de baixo custo, de fácil construção e manutenção. “Atendemos comunidades em que os moradores eram obrigados a consumirem água de poços artesianos com elevado nível de contaminação biológica e química (sais) e que traziam consequentes danos à saúde, ou eram obrigados a caminhar por horas para ter acesso a água potável.
Trinta e sete famílias moradoras dos assentamentos Belo Monte I, no município de Pedra Lavrada, Belo Monte II, em Cubati, e Olho D’Água, em Seridó, que se encontram em uma das regiões mais secas do estado, foram beneficiadas com a implementação de 28 dessalinizadores. A família do produtor José Eriberto de Oliveira e da agente de saúde Áurea Lúcia Lopes de Oliveira foi uma das contempladas com a metodologia. Eles contam que, antes, a água que a família bebia era comprada por R$ 3 o balde com 20 litros e que hoje divide com outras três famílias vizinhas a água do dessalinizador que foi instalado na propriedade.
“Estamos numa região que chove muito pouco e a nossa luta é que essas famílias continuem sobrevivendo da sua terra. Nosso objetivo é fixar o homem do campo na sua terra com água boa que atenda as suas necessidades” declarou o professor.
A parceria com a UEPB também garante assistência técnica e capacitação para as famílias, o que possibilita a compreensão sobre o funcionamento da tecnologia e, especialmente, sua disseminação social.
Sobre o Prêmio
O Prêmio Fundação BB tem 18 finalistas nas categorias nacionais e três na internacional. O evento de premiação será realizado em novembro. Entre as 735 inscritas neste ano, 173 foram certificadas e passaram a constar no Banco de Tecnologias Sociais (BTS), um acervo online gratuito mantido pela Fundação BB.
Este ano, o concurso tem a cooperação da Unesco no Brasil e o apoio do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), do Banco Mundial, da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
Portal Correio

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