Há dois meses de receber as águas da transposição Açude de Boqueirão atinge 4% do seu volume

Há dois meses de receber as águas da transposição Açude de Boqueirão atinge 4% do seu volume

O açude Epitácio Pessoa, conhecido como Açude de Boqueirão, no Cariri da Paraíba, está passando pela maior crise hídrica de sua história e nesta quinta-feira (9) o volume do manancial baixou para 4%, o pior nível desde a fundação do açude. Os dados foram divulgados pela Agência Executiva de Gestão das Águas da Paraíba (Aesa) e mostram que o reservatório que tem capacidade para armazenar 411,6 milhões de m³ de água, está com 16,6 milhões de m³.

Sem receber recargas de chuvas e de afluentes do rio Taperoá, Boqueirão está agonizando a espera da chegada da água da tranposição do Rio São Francisco.

O prazo estabelecido pelo Ministério da Integração Nacional é de que a cidade de Monteiro receba a água da tranposição até o dia 6 de março. Depois disso, a água deve levar de 30 a 45 dias para chegar em Boqueirão, pois precisa passar ainda pelos açudes Poções, Camalaú e pelo Rio Paraíba.

O açude de Boqueirão abastece Campina Grande e outras 18 cidades do Agreste paraibano, que estão enfrentando um sistema de racionamento de água.

Desde que o açude de Boqueirão atingiu o nível de 5,6%, a Agência Nacional das Águas (Ana) parou de emitir resoluções que limitavam o uso da água em termos de percentuais. A agência liberou o uso total da água, desde que ela esteja dentro dos padrões de potabilidade estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Cada vez que o nível baixa, a preocupação aumenta.

A Companhia de Águas e Esgotos da Paraíba (Cagepa), que é responsável pelo tratamento e distribuição do abastecimento da água de Boqueirão garante que a potabilidade da água continua dentro dos padrões exigidos. Para eliminar a presença de cianobactérias e cianotoxinas existentes na água que hoje é captada em Boqueirão, a Cagepa tem usado um tratamento a base de peróxido de hidrogênio.

Previsão de chuvas

A meteorologia prevê uma melhora nas condições, mas espera que as chuvas entre os meses de fevereiro e maio sejam dentro da média histórica ou abaixo da média.

Segundo a meteorologista Marle Bandeira, da Agência Estadual de Gestão das Águas da Paraíba (Aesa), para o próximo fim de semana estão previstas chuvas na região do Cariri, porém, de forma isolada.

“A época de chuvas na região do Cariri vai começar agora, entre fevereiro e maio. As condições na zona de convergência tropical mostram uma tendência de melhora, mas nossa previsão só consegue ter uma previsão mais precisa com apenas 24 horas de antecedência. Se esperam chuvas na média ou abaixo da média”, explicou ela.

Situação da transposição

A água do rio São Francisco já está a caminho da Paraíba. Na sexta-feira (3), o G1 participou de uma visita técnica em todo o Eixo Leste da tranposição que vai da cidade pernambucana de Petrolândia até Monteiro, no Cariri paraibano. A água viaja por 208 quilômetros passando por seis estações elevatórias, entre 23 segmentos de canal, 12 lagos, cinco aquedutos e um túnel.

Dos 12 lagos existente, a água já passou por quatro deles, mas o processo está sendo agilizado com as quatro motobombas emprestadas pelo governo do estado de São Paulo. O maior dos lagos, Braúnas, com capacidade para armazenar mais de 14 milhões de m³ de água já está transbordando para a continuidade dos canais. Ele é o segundo lago que água passa no caminho do Eixo Leste. Os dois maiores são de 8 milhões e 5,2 milhões de m³.

A sexta estação elevatória da transposição ainda está sendo concluída, ainda pelo caminho, os lagos estão passando pelos últimos reparos. Os engenheiros da empresa responsável pela obra garante que tudo ficará pronto na medida em que a água for se aproximando de cada trecho.

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