
Nesta sexta (31), o presidente da CPI, Hugo Motta (PMDB-RJ), afirmou que o requerimento havia sido aprovado por “unanimidade”. A votação em bloco, porém, é normalmente feita por acordo, para dar mais celeridade ao andamento da CPI, ainda que nem todos os deputados concordem com o teor de todos os requerimentos.
“Não houve votação individual nos requerimentos. Foi em bloco. E, normalmente, quando o relator concorda, ninguém questiona. A gente tenta colaborar com o relator. A gente tenta não criar caso”, disse o deputado Izalci (PSDB-DF), um dos integrantes titulares da comissão.
Após a aprovação do requerimento, Catta Pretadecidiu deixar a defesa de três investigados que fizeram acordo de delação premiada no âmbito da investigação do esquema de corrupção na Petrobras. No total, a advogada atuou em nove dos 22 acordos de delação firmados durante a Operação Lava Jato. Nesta quinta, ela disse ao Jornal Nacional que fechou o escritório e encerrou a carreira porque estava sofrendo ameaças e intimidações.
O deputado Izalci lembra que o requerimento de convocação da advogada, votado junto com outros 80 pedidos, “não chamou a atenção” na época.
O autor do requerimento de convocação, deputado Celso Pansera (PMDB-RJ), defendeu, na ocasião, que a CPI precisava investigar a origem do dinheiro pago em honorários advocatícios.
O peemedebista é aliado do presidente daCâmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que foi acusado pelo ex-consultor da Toyo Setal Júlio Camargo de receber US$ 5 milhões em propina – Cunha nega.
Camargo era um dos clientes de Beatriz Catta Preta. Nos bastidores, a apresentação do requerimento de convocação foi atribuída a uma tentativa de retaliar Camargo e a advogada pela denúncia feita contra Cunha.
“Não chamou atenção a convocação dela, na ocasião. Eu mesmo não questionei nada porque achei natural que questionassem o pagamento da conta. Mas depois que eu vi a entrevista em que ela disse ter havido ameaça velada, vejo que temos que ter um certo cuidado na CPI para não atender a interesses escusos. A gente, às vezes, acaba sendo usado”, declarou Izalci.
Ao Jornal Nacional, a advogada ainda disse que Júlio Camargo demorou a envolver o nome de Cunha no esquema por “receio” de ser retaliado.
O deputado Ivan Valente (PSOL-RJ), que também integra a CPI, informou que vai cobrar, na primeira sessão da comissão após o recesso parlamentar, votação de um requerimento que prevê a convocação do presidente da Câmara para prestar esclarecimentos.
Ele disse ainda, em nota divulgada à imprensa, que irá apresentar requerimento solicitando a quebra dos sigilos de Cunha.
“Para provar sua versão, Eduardo Cunha deveria abrir os seus sigilos fiscal, bancário, telefônico e telemático. Seria coerente com sua política ofensiva. Mas isso ele não faz”, afirmou.
G1
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