
A cirurgiã vascular do HC, que está à frente do estudo, Catarina Almeida, explicou que, logo na primeira fase da pesquisa (realizada de março a junho de 2016), 32 pacientes se submeteram ao exame de linfocitigrafia (procedimento que permite avaliar o funcionamento do sistema linfático). Desses, 86% apresentaram características de acometimento da circulação linfática devido à chikungunya, com inchaços nos membros inferiores.
Noventa dias após a realização do primeiro exame, na segunda etapa da pesquisa, foi observado na avaliação clínica que 16 pacientes persistiram com os inchaços (mesmo após a fase aguda da doença). Vinte nove pacientes voltaram a ser acompanhados dos quais 20 repetiram a linfocitigrafia e foi constatado que 65% deles tiveram uma piora em seu quadro, demonstrando que a chikungunya pode provocar doenças vasculares crônicas, como linfedemas (acúmulo de líquido devido ao bloqueio do sistema linfático).
“O estudo apresenta uma nova manifestação da febre chikungunya que é o inchaço de causa linfática e mostra, pela primeira vez, a cronificação dessas manifestações. O linfedema não tem cura. O paciente irá tentar controlar o inchaço dos membros inferiores por meio de fisioterapia com drenagem linfática e uso de meias”, explicou.
A pesquisa, por descrever algo inédito, pode ajudar a orientar o diagnóstico e o tratamento para diminuir o inchaço e a dor. “Uma vez que se torna possível o diagnóstico precoce desse inchaço, é possível a gente instituir o tratamento antecipado e evitar complicações”, acrescentou Catarina.
A pesquisa foi desenvolvida por Catarina em conjunto com o chefe do Serviço de Cirurgia Vascular do HC, Esdras Marques, a cirurgiã vascular Gabriela Buril, a chefe do Serviço de Medicina Nuclear da unidade, Simone Brandão, e os especialistas em cardiologia Monica Becker e Roberto Buril.
0 Comments:
Postar um comentário