Alexandre Garcia defende que redescobrimento do Brasil começou pelo Rio Grande do Norte

Alexandre Garcia defende que redescobrimento do Brasil começou pelo Rio Grande do Norte

O jornalista Alexandre Garcia, notório pelas reportagens e opiniões políticas da Rede Globo, é um estudioso da origem do descobrimento do Brasil, ou redescobrimento, como alguns preferem, já que os índios já habitavam o território.

Garcia também mantém uma chamada diária no programa Poder e Política, numa emissora de rádio com alcance nacional. E em comentário neste programa ele defendeu a teoria de que o Brasil foi redescoberto por Pedro Álvares Cabral a partir do Rio Grande do Norte. O áudio viralizou em grupos de WhatsAap relacionados ao turismo do RN.

Essa teoria tem sido levantada pelo pesquisador potiguar Lenine Pinto há décadas. A secretaria estadual de Turismo bancou a ideia este ano e tem organizado campanha para disseminar ou discutir o assunto, inclusive com promoção de um Seminário que envolva diferentes teorias sobre o tema.

Em seu comentário, Alexandre Garcia disse ter visitado recentemente o túmulo de Cabral, em Santarém, na igreja Santa Maria da Graça, em Portugal. E é com essa introdução contextualizada que ele abre sua defesa de que o Brasil foi redescoberto em Touros, no Rio Grande do Norte.  Vejamos a transcrição do áudio.

por Alexandre Garcia

“Estou em Lisboa. Peguei um carro e fui pra Santarém ver o túmulo do descobridor do Brasil, Pedro Álvares Cabral, na igreja Santa Maria da Graça. Há uma confusão em torno desse túmulo. Lá por 1870, 71 o nosso imperador brasileiro, Pedro II quis trazer ao Brasil os restos de Cabral. E encontraram, sob a lápide, na igreja Santa Maria da Graça, vários restos mortais. A lápide identifica dona Isabel de Castro, mulher de Cabral. Estaria lá, também, um filho de Cabral. Ou sejam: duas ossadas masculinas e uma feminina. Cabral morreu em 1520, vinte anos depois de ter descoberto o Brasil, ou de ter marcado a posse portuguesa no litoral brasileiro. Portugal já sabia há bastante tempo dessas terras. Cabral foi lá para confirmar, de passagem para as Índias.

Mas havia mais ossadas masculinas nessa carneiro dentro da Igreja. E ficou a dúvida: alguns ossos vieram ao Brasil e depois voltaram? Não ficou identificado. Mas, enfim, hoje dar-se como certo que Cabral está lá; esse é o túmulo de Cabral. Se bem que a terra natal dele, Belmonte, certa vez recebeu uma oferta da igreja de Santarém para que levasse os ossos pra lá. Mas tá difícil de identificar. Só se sabe que os ossos dele estão misturados a outras ossadas nessa igreja.

Fui lá prestar honras a Cabral que, por ordem do Rei Dom Manuel, chantou marcos, ou seja, cravou marcos portugueses; pedras com símbolo da cruz portuguesa ao longo de duas mil milhas náuticas do ponto de ancoragem da esquadra de Cabral. O último marco está em Cananeia, perto de Santos. Se pegarmos duas mil milhas náuticas de Cananeia pro Norte, vamos dar em Touros, no Rio Grande do Norte, em frente ao Monte Cabugi, de 900 metros e que é visto do mar. Seria esse o Monte Pascoal, e não o da Bahia, que é baixinho e ninguém vê do mar.

Essa é a primeira prova de que Cabral não chegou em Porto Seguro; chegou a Touros, a uns 90 quilômetros, mais ou menos, ao norte de Natal, a capital. Lá tem boas águas, como descreve Caminha, lá aparece tubarões, como descreve Caminha. E isso parece não estar presente em Porto Seguro. Porto Seguro… foi um historiador, Varnhagen que, 350 anos depois, como achou um marco português por lá, disse que era lá, e descreveu como chegada de Cabral em Porto Seguro.

Na verdade, a primeira associação de empresas para explorar o pau-brasil foi feita com os holandeses no Rio Grande do Norte. Conta-se que Vasco da Gama passou por lá para se reabastecer de água e frutas, por isso não teve doenças de carência de vitamina C na frota que descobriu o caminho para as Índias. Os portugueses já tinham mapas falando em Brasil, supostamente uma ilha no Atlântico Sul, mas queriam saber, de fato, de que se tratava.

Então, são confirmações. A outra, sobre o Rio Grande do Norte é que os portugueses costumavam marcar os acidentes geográficos com o santo do dia. Como se usava ampulheta, na época, e a ampulheta era regulada com o sol a pino, o dia mudava ao meio dia. E ali está o cabo que recebe o nome do santo daquele dia (Cabo de São Roque), e não em Porto Seguro.

Eu estou convencido que o descobrimento do Brasil; a confirmação da posse portuguesa por parte de Pedro Álvares Cabral começou a ser feita lá em Touros, no Rio Grande do Norte”.

Papo Cultura

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