Delator afirma ter repassado R$ 765 mil para empresa de ex-Eletronuclear

Delator afirma ter repassado R$ 765 mil para empresa de ex-Eletronuclear


O empresário Victor Colavitti, um dos novos delatores da Lava Jato, afirmou ter repassado aproximadamente R$ 765 mil da Engevix para uma empresa do vice-almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, ex-presidente da Eletronuclear preso na semana passada por suspeita de receber propinas em contratos da usina de Angra 3 (veja trecho do depoimento na imagem abaixo).

Othon foi alvo da 16ª fase da Lava Jato, apelidada de Radioatividade. Um dos pensadores do programa nuclear brasileiro, ele ocupou por quase dez anos a presidência da Eletronuclear. O almirante nega as acusações e diz estar consternado.

Na delação, Colavitti informou que em abril ou maio de 2010 recebeu um pedido da Engevix para fazer "alguns pagamentos [e] que na ocasião apenas foi dito que os [mesmos] não poderiam ser feitos” pela construtora. Colavitti informou que resolveu fazer os pagamentos “sem maiores questionamentos […] para preservar seu bom relacionamento com a empresa”. 

Trecho de depoimento de Victor Colavitti em acordo de delação premiada

Segundo o empresário, os depósitos que somaram R$ 765 mil foram realizados através da sua empresa, a Link, para outra, a Aratec, de Othon, entre 2010 e 2014. Ele informou que o contrato entre a Link e a Aratec chegou pronto.
Na sua versão, Colavitti conta que, apesar de não saber dizer "a que título eram feitos esses pagamentos da Engevix à empresa Aratec, [tem] absoluta certeza que os serviços descritos no contrato entre a link e Aratec jamais foram prestados”.
Prevista para ser concluída em 2018, Angra 3, uma obra estimada em pelo menos R$ 13 bilhões, tem contratos com empreiteiras investigadas na Lava Jato, incluindo a Engevix. A construção da usina é realizada com recursos da Eletronuclear, obtidos em empréstimos.
Procurada pelo blog, a Engevix informou que "a empresa está prestando os esclarecimentos necessários à Justiça”. O advogado Helton Márcio Pinto, responsável pela defesa do almirante, não retornou as ligações da reportagem até a publicação deste post.
Em depoimento à Polícia Federal, Othon negou ter recebido propina na construção de Angra 3. Sobre a Aratec, informou que pagamentos à empresa ocorreram antes da assinatura do contrato com o consórcio da usina. 
A Eletronuclear informou nesta semana que recebeu o pedido de demissão de Othon, afastado do cargo desde abril, após a divulgação das primeiras denúncias.


G1 

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