Banco Central indica que ciclo de elevações da Selic está perto do fim

Banco Central indica que ciclo de elevações da Selic está perto do fim


O Banco Central reforçou sinais de que o ciclo de aumento dos juros básicos está perto do fim, na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta quinta-feira. A autoridade monetária afirma que o cenário de convergência da inflação para o centro da meta oficial (4,5%) no fim de 2016 se fortaleceu, mas deixou a porta aberta para novas altas.
“O Copom avalia que o cenário de convergência da inflação para 4,5% no final de 2016 tem se fortalecido. Para o Comitê, os avanços alcançados no combate à inflação — a exemplo de sinais benignos vindos de indicadores de expectativas de médio e longo prazo — mostram que a estratégia de política monetária está na direção correta. Os riscos remanescentes para que as projeções de inflação do Copom atinjam com segurança o objetivo de 4,5% no final de 2016 são condizentes com o efeito defasado e cumulativo da ação de política monetária, mas exigem que a política monetária se mantenha vigilante em caso de desvios significativos das projeções de inflação em relação à meta”, diz trecho da ata.
O início do aperto dos juros foi em outubro do ano passado. Dois dias após a reeleição da presidente Dilma Rousseff, a autoridade monetária fez o primeiro aumento da Selic, que estava em 11% ao ano. De lá para cá, foram sete altas consecutivas — cinco só em 2015 – até chegar ao patamar atual, estabelecido em reunião na semana passada: o maior desde agosto de 2006, quando também era de 14,25% ao ano.
Toda essa carga de juros tem um objetivo: conter a inflação que ficou descontrolada. As estimativas do mercado mostram que a inflação medida pelo IPCA, índice oficial, deve chegar a 9,25% este ano, percentual que equivale a mais que o dobro do centro da meta que autoridade monetária tinha de cumprir em 2015, de 4,5%, com margem de tolerância de dois pontos percentuais.
O Banco Central avisou que só cumpriria a sua tarefa no ano que vem. No entanto, o mercado também não acredita. A previsão para o IPCA é de 5,4% em 2016.
A reunião da semana passada teve um componente extra de tensão. O diretor de Assuntos Internacionais do BC, Tony Volpon, que teria antecipado a analistas de mercado e à imprensa seu voto desta quarta-feira, não participou da votação.
Ele decidiu se abster para evitar possíveis prejuízos à imagem do Banco Central numa “decisão em caráter pessoal e irretratável”, conforme justificou o diretor em comunicado dirigido ao presidente do banco, Alexandre Tombini, antes do início da reunião.
“Os membros do Comitê compreenderam a decisão. Em reunião extraordinária realizada em 28 de julho, a Diretoria Colegiada já havia acolhido os esclarecimentos quanto ao teor de recente declaração pública de Volpon”, diz ainda a nota do BC.



O Globo 

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